Se você habita este mesmo planeta que eu, caro leitor, com certeza já recebeu algum texto, informação ou até mesmo tem acompanhado a polêmica em torno de Bel Pesce, a menina do Vale, formada no MIT, prodígio precoce que já fundou empresas (que segundo a mesma foram vendidas por valores interessantíssimos) e palestrante sobre empreendedorismo e relacionados. Se não me engano, já publicou pelo menos uns 4 livros e tem uma história que sempre pareceu bem bacana. Se você ainda não reconheceu o personagem, corre pro Google. A polêmica se dá porque, pelo que parece, nem tudo o que consta no currículo da menina prodígio é exatamente como parece. Um jornalista resolveu investigar a história da menina do Vale, preparou um dossiê, jogou na internet e aí você já pode imaginar.
Mas este texto não é sobre a Bel Pesce, ou sobre suas histórias. Eu não teria, e nem gostaria, de entrar no mérito de seus méritos. Quero apenas aproveitar a história pra falar sobre o comportamento que permeia essa polêmica toda (independentemente de quem esteja falando a verdade – seja Bel Pesce, seja o jornalista).
O currículo é uma ferramenta de venda – ali, resumidamente e de forma atrativa, você deve contar um pouco da sua história, formação e trajetória profissional, de forma a despertar interesse pelo o que você, como profissional, pode entregar e realizar. Até aí, tudo normal. O currículo é um velho conhecido de todos nós. Acontece que “vender” sua história, é completamente diferente de “inventar”. E cá prá nós, eu tenho certeza de que você já conheceu alguém que deu aquela “melhorada” no currículo para que ele ficasse mais “atraente” aos olhos de um recrutador. Afinal, qual o problema né? Um cursinho aqui, uma especialização acolá… o que importa mesmo é conseguir a vaga e provar no dia a dia meu talento, não é mesmo? Não. Não é mesmo. Nem um pouquinho. Nem por um segundo.
O que está em pauta aqui são os SEUS valores. O que você acha de a empresa “melhorar” só um pouquinho as condições da vaga pra ela ser atrativa pra você? Não faz o menor sentido né? Uma relação profissional, assim como qualquer outra, precisa de confiança. Como é que você quer começar bem uma relação baseada em mentiras? Além do mais, a empresa tem todo o direito de pedir comprovação de qualquer informação fornecida por você… pensa no mico! E se a descoberta vier depois que você já está no cargo… o tombo pode ser ainda pior.
Por isso, na hora de escrever seu currículo, fuja da síndrome de Bel Pesce. Capriche no texto, na forma, valorize suas conquistas mas pelo amor de Deus – não invente nada. O que é, é. Nem uma vírgula a mais. Lembre-se sempre que sua reputação é o maior bem profissional que você tem. Cuide dessa reputação com muito, muito cuidado. Porque um arranhão como esse pode trazer marcas profundas. Até porque, a internet não perdoa.
Um abraço.